
A renda fixa nunca foi tão variável…
Muitos investidores foram educados a sair da poupança e entrar no mundo da renda fixa através da alternativa do Tesouro Direto. Anos atrás, o Governo disponibilizou o acesso à compra de seus títulos de dívida para as pessoas físicas e com valores até irrisórios para os padrões anteriores.
Foi um movimento notável e estabeleceu um novo patamar de educação financeira no país, abrindo as portas para diversas outras novidades que se multiplicaram pelo mercado financeiro nos anos seguintes.
RENDA FIXA CONSERVADORA
Durante os anos de SELIC de dois dígitos, ate Jul/2017, dificilmente havia porto seguro melhor para um investidor mediano do que manter suas reservas liquidas em LFT, e apostar também em títulos com vencimentos mais longos, com as LTNs e as NTNs.
A imagem, o ideário popular de conservadorismo na renda fixa, sugere, acima de tudo, baixa volatilidade, em outras palavras, que os retornos oferecidos pelos ativos de renda fixa oscilam pouco, foi construído nesses áureos tempos que esperamos nunca mais retornem.
O resultado real por trás dos retornos dos ativos de renda fixa, com especial atenção àqueles considerados sem risco – os títulos do governo – é que sempre haverá um tipo de risco que é bem difícil de ser controlado em qualquer equação: o risco de mercado.
RISCO DE MERCADO ou RISCO SISTÊMICO
Representa a oscilação dos preços e comportamento de indicadores diante de eventos do mercado.
A dificuldade de controle e mensuração se da por conta de fatores como:
- Recessões;
- Mudanças nas taxas de juros
- Mudanças nas taxas cambiais
- Desastres naturais
- Crises políticas
- Terrorismo
Quando o risco de mercado é medido como alto, a tendência é que os investidores passem a exigir um prêmio de risco (rendimento) maior, em troca do empréstimo do dinheiro à instituição emissora.
Acontece da seguinte forma:
Primeiro, aumentando os juros futuros da renda fixa – que são a expectativa quanto à taxa Selic no futuro – o valor dos papéis caem, assim como, a rentabilidade aumenta.
Isso ocorre porque, por exemplo, uma notícia bombástica de Brasília (como ocorreu varias vezes em Fevereiro e Março de 2021), leva os juros futuros subirem no mesmo dia. Caso eu tenha esses títulos em custódia, não conseguirei vender pelo mesmo preço.
O aumento dos juros trará um desconto maior no preço do papel, se quiser vender hoje.
IMPACTO NOS SEUS FUNDOS DE INVESTIMENTOS
Talvez a maior surpresa para boa parte dos investidores venha sendo a constante volatilidade nas cotas de fundos antes considerados conservadores – os ditos referenciados DI.
Muitos desses fundos possuem em seu patrimônio líquido títulos do Tesouro com maior volatilidade, como as NTNs com vencimentos mais longos. Aqueles que concentraram parte do patrimônio em LTNs e NTNs mais curtas, buscando trazer algum ganho para o fundo, também sofreram com as variações bruscas nos preços recentes.
A explicação passa pelo mecanismo de MARCAÇÃO A MERCADO, onde o gestor do fundo é obrigado a, diariamente, contabilizar o valor de cada ativo que compõe o patrimônio líquido do fundo, independente se estamos em tempos de guerra ou em tempos de paz.
Contabilizou, subtraiu taxas, dividiu pelo número de cotas de todos os cotistas e voilá! temos o valor da cota diária do fundo.
EXAME.COM 01/04/2021
Entender essa dinâmica dos preços, da volatilidade, explica a matéria publicada pela Revista Exame, em seu site exame.com:
Tesouro Direto tem mês de perdas e Tesouro Selic fica abaixo do CDI no ano
Dos 28 títulos disponíveis, só 4 tiveram desempenho positivo no mês. Especialistas dizem que recuo dos preços pode ser oportunidade para quem carregar as aplicações até o vencimento
Todos os títulos IPCA+ e os prefixados ficaram no vermelho no mês, e alguns deles acumulam perdas de mais de 10% desde janeiro. A piora nas taxas de negociação dos títulos públicos se deve ao clima de instabilidade gerado pela pandemia do coronavírus.
AFINAL, A RENDA É FIXA OU NÃO?
A principal característica de um ativo financeiro para ser considerado como Renda Fixa, é que ele defina/ FIXE desde o início de sua negociação, qual a remuneração, a renda que ele pagará ao investidor. Por exemplo, diferente da renda variável.
E na renda fixa, entendam bem, quem investe seu dinheiro se torna credor de um terceiro, que pode ser o governo, um banco, uma pessoa física, entre outros.
Nesse sentido, a renda sempre será fixa, porém, dado o fator risco de mercado, os juros a receber poderão oscilar. E muito.
Tenha isso em mente quando for realizar a Alocação de ativos de seu portfólio de investimentos. Especialmente, naquela caixinha de reserva de emergência e na caixa de liquidez imediata.
E O QUE É ALOCAÇÃO DE ATIVOS? RESERVA DE EMERGÊNCIA? LIQUIDEZ IMEDIATA?
Ahhhh…. A seguir, Cenas dos próximos artigos…. Semana que vem tem mais!
Sobre o Autor
0 Comentários