
Em meio a tanta informação no mercado financeiro brasileiro, muitas vezes tentar entender o que se passa no mercado internacional acaba sendo bastante frustrante e cansativo, dado que a amplitude de produtos e serviços financeiros é muito maior do que em terras brasileiras.
Vejamos, por exemplo, o mercado de ações: numa enquete rápida, aposto que 9 entre 10 brasileiros que já tiveram algum contato com a Bolsa ouviram falar somente de um tal de Ibovespa, ou Índice Bovespa.
E faz sentido, considerando que até poucos anos atrás a quantidade de CPFs ainda não era tão expressiva na Bovespa quanto é hoje em dia e como ainda poderá ser, num futuro breve.
De fato, temos diversos índices acionários: Ibovespa, Índice Brasil (IBrX), Índice Brasil 50 (IBrX-50), Índice de Energia Elétrica (IEE), Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), entre outros.
Mas o assunto de hoje não é Brasil, e sim, falar um pouco sobre o coração do mercado financeiro mundial, New York Stock Exchange (NYSE) e seus índices.
New York Stock Exchange (NYSE) e os Indices
S&P 500 é o índice mais negociável hoje
O índice S&P 500 é o mais popular dos nossos tempos, mas ainda é um índice pouco conhecido pelos investidores, inclusive pelos brasileiros.
Ele foi criado em 1957 pela empresa Standards & Poor’s. Sua carteira teórica inclui as 505 maiores empresas norte-americanas negociadas na NYSE (Bolsa de Nova Iorque) e na NASDAQ.
As empresas no índice são ponderadas pela capitalização, por isso as maiores delas são as mais importantes.
Porém o número total é grande o bastante para representar todo o mercado dos EUA: o índice cobre 75% da capitalização sumária de todas as companhias norte-americanas.
Se compararmos com o índice MSCI, que engloba as Bolsas do mundo inteiro, o S&P 500 por si só representa pouco mais da metade em capitalização de mercado.
Em outras palavras: o MSCI, vale cerca de US$ 48 trilhões, enquanto o índice norte-americano, vale pouco mais de US$ 26 trilhões.
Durante 40 anos, o gráfico do S&P 500 mostra um crescimento estável, especialmente nos anos 1980-1990. Os anos 2000 foram marcadas por duas crises.
A primeira foi o estouro da bolha da internet e a segunda é a de 2008. Já a paritir de 2010 o índice reestabeleceu as suas posições e começou a crescer bem de novo. Em 30 anos, desde 1985, o índice cresceu 12 vezes.
Para ganhar dinheiro com o índice S&P 500 é preciso ou comprar todas as suas 500 ações (o que não parece fácil) ou investir num dos seus fundos que seguem a sua dinâmica.
Me refiro aos ETFs – Exchange Traded Funds, mais conhecido como Fundo de Índice negociado em Bolsa, aos moldes dos fundos imobiliários.
Em outras palavras, você está comprando um fundo passivo em Bolsa Americana, onde o gestor montará posições com o patrimônio do fundo de forma a entregar para o cotista um resultado semelhante ao resultado do S&P 500.
As cotações deste fundo mudam com o tempo, bem como o próprio índice S&P 500. Além disso, cofundadores do fundo recebem dividendos do mesmo tamanho que as pessoas que possuem ações separadas.
O Dow Jones Industrial Average: o índice mais famoso de todos os tempos
Embora hoje o índice Dow Jones Industrial Average (chamado abaixo: Dow 30) já não seja tão popular entre os investidores, ele mantém-se como o índice de bolsa de valores mais famoso na história.
É um dos índices mais antigos, criado em 1896 por Charles Dow, redator do jornal Wall Street, e Edward Jones, analítico de estatística.
No princípio o índice incluía as 12 maiores empresas industriais dos EUA. Hoje a palavra “Industrial” permanece no nome do índice somente pelas razões de tradição.
O número das empresas aumentou para 30, sendo todas empresas de capital aberto norte-americanas – não somente industriais, mas também financeiras.
Do índice original permanece apenas a General Electric (NYSE: GE). Também são incluídas a Boeing (NYSE: BA), a Coca-Cola (NYSE: KO), a IBM (NYSE: IBM), a Apple (NASDAQ: AAPL), Visa (NYSE: V), McDonald’s (NYSE: MCD), entre outras.
O nome oficial do índice é Dow Jones Industrial Average. Apesar disso, ele é mais conhecido, obviamente, apenas por Dow Jones, e também por: DJIA, Dow 30 e INDP.
A palavra “average” no nome do índice reflete o método da sua contagem: ele é proporcional ao preço médio das ações incluídas nele (ou seja, price weight).
A questão principal deste índice é sua diversificação fraca. Muitos consideram-no demasiado luxuoso. As empresas incluídas nele são supergigantes.
Muitas delas são extremamente ligadas ao governo e muitas vezes comportam-se como monopólios. No total, há 30 companhias no índice, mas na realidade ele depende de 10 ou 15 – aquelas cujas ações são mais caras.
Porém, o “luxo” e o preço das ações que não corresponde plenamente aos preços de mercado, têm os seus benefícios. As suas empresas não são apenas participantes do mercado, são os símbolos dos EUA.
Deixá-los vivos é um assunto de prestígio do estado. Por isso a falência de, até mesmo, uma companhia é pouco provável. Apesar da diversificação fraca, o Dow 30 é muito seguro.
Para lucrar com o índice Dow 30, uma boa alternativa é ter em sua carteira um dos ETF que seguem a sua dinâmica.
O NASDAQ Composite: mais de 3 mil empresas modernas ambiciosas
O índice NASDAQ Composite foi fundado em 1971. Ele é ainda mais amplo que o S&P 500: nele estão incluídas todas as ações que são negociadas na NASDAQ (mais de 3.300 empresas).
As empresas neste índice são ponderadas pela capitalização de mercado.
Apesar do grande número de empresas, o índice NASDAQ Composite é menos representativo que o S&P 500. Acontece que todas as suas ações são limitadas a uma única bolsa – NASDAQ.
Na sua maioria são as jovens empresas de inovações.
O índice é bom para os investidores que entendem de particularidades do mercado de empresas de alta tecnologia que estão a crescer rapidamente.
Esse índice foi lançado em 1971, inicialmente operando com 50 empresas que totalizaram um valor inicial de 100.
O pico do Nasdaq ocorreu em 10 de março de 2000, data onde o mesmo atingiu os 5.132 pontos e o mercado americano estava vivenciando a chamada bolha da internet.
Na data em que o índice atingiu o seu pico, O seu “estouro” fez com que o índice caísse para 1.108 pontos em 10 de outubro de 2002.
Outra grande crise vivenciada pelo índice ocorreu no ano de 2008, em especial quando o extinto banco de investimentos Lehman Brothers veio a falência, levando consigo todos os mercados financeiros mundiais.
A dinâmica do NASDAQ Composite diferencia-se muito da dinâmica do S&P 500 e Dow 30.
É especialmente notável através da bolha da internet dos anos 1999-2000: pois foi na bolsa NASDAQ onde foram negociadas as empresas culpadas na crise – Amazon (NASDAQ: AMZN), Pets (NASDAQ: PETS), Cisco (NASDAQ: CSCO), eBay (NASDAQ: EBAY), entre outros.
Russel 3000: agregando quase todo o mercado norte-americano
O Russell 3000 é o mais jovem de todos os principais índices norte-americanos. Criado em 1984, inclui três mil companhias – quase o mesmo que o NASDAQ Composite. Mas diferentemente do NASDAQ Composite, ele não se limita a uma bolsa.
O Russell 3000 inclui os participantes da NYSE, NASDAQ e até do mercado fora da bolsa. As empresas nele são ponderadas por capitalização.
Em soma, o índice cobre 98% de todo o mercado norte-americano, e por isso é o mais representativo de todos os supracitados.
O índice Russell 3000 é composto de dois subíndices: Russell 1000 e Russell 2000. O Russell 1000 inclui as mil maiores empresas americanas e no geral lembra o S&P 500.
O Russell 2000 inclui outras duas mil do Russell 3000 – ou seja, as companhias com uma capitalização relativamente pequena (por volta de um bilhão de dólares ou menos).
Desde que o Russell 2000 começou a acompanhar o desempenho de ações small cap em 1979, o índice tem correspondido amplamente, senão ultrapassado um pouco, o desempenho do mais venerável índice S&P 500® de ações large cap.
As empresas constituintes e características de suas operações
O fato de o Russell 2000 ser composto de ações de pequena capitalização significa que ele é um instrumento altamente dinâmico que pode desbloquear oportunidades substanciais de lucro.
Algo típico em empresas de pequena capitalização é que elas geralmente são líderes em termos de inovação e crescimento.
O pequeno tamanho de suas operações concede a elas flexibilidade para novos regulamentos, mudanças nos ambientes de mercado, chances de adotar novas tecnologias e práticas, etc.
Durante as expansões do mercado e os períodos de crescimento econômico, as pequenas empresas tendem a ter um desempenho melhor e a crescer mais rapidamente.
Um bom indicador que ajuda a confirmar isso é a relação P/L, excluindo dividendos, que para o Russell 2000 é de 26,75, enquanto para o S&P 500 é de 21.
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[…] Não invista na Bolsa Americana sem ANTES ler sobre esses índices… […]
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