O ABCD das Finanças Pessoais e dos Riscos

“O nosso amor é nazi-fascista

Você se esconde e eu sigo tua pista

Eu fico sozinho mas eu fico em paz

Eu volto pra casa você volta atrás”          Engenheiros do Hawaii – “Sopa de Letrinhas”

A sopa de letrinhas no mundo financeiro dá um belo caldo em quem não domina a linguagem.

E aqueles que vão adquirindo certa familiaridade com esta sopa, vão aprendendo a degustá-la e a saboreá-la aos poucos.

Sempre tem aquele que queima a boca, não tem paciência e toma a sopa quente.

E aqueles que chegam no final da festa, quando a sopa já esfriou.

Importante é entender que “tempo” é o Deus no mercado financeiro; seja você ateu ou não, você terá que aprender a respeitá-lo e conhecer seus segredos e ensinamentos, se pretende ter sucesso.

Dito isto, bom saber que como toda ciência, todo conhecimento, as finanças nasceram para lidar com um fator essencial para o ser humano: a INCERTEZA.

A INCERTEZA DO FUTURO

Falar de incerteza é também falar do futuro. É falar do Caos, do que acontecerá a seguir.

Toda nossa cultura, nossa ciência ocidental foi erigida baseada no medo do desconhecido, da morte, da incerteza, do futuro.

Quiçá podemos afirmar que toda a existência humana, como a conhecemos, deve-se ao nascimento da Agricultura há milhares de anos atrás.

E que esta foi resultado de nossa busca pela necessidade de reduzir a incerteza da fome. De encontrar uma forma de produzir mais alimento e vencer a incerteza de não ter o que comer amanhã.

Então o que a ciência faz, o que fazemos todo o dia é tentar prever, antecipar os fatos e efeitos dos eventos de hoje e de ontem, de tal a forma a maximizarmos os nossos futuros benefícios.

E em finanças, quando conseguimos aplicar um aparato matemático para medição dessa incerteza, dizemos que conseguimos transformar essa incerteza em um RISCO.

O RISCO DO FUTURO

           “Risco vem de você não saber o que esta fazendo. Controle o seu dinheiro.”  Warren Buffet

Vários são os riscos catalogados atualmente no mercado financeiro. Vamos conhecer os principais:

Risco de Crédito

Talvez o mais comum, está ligado á capacidade de alguém cumprir seus compromissos financeiros assumidos.

Risco de Liquidez

Representa a facilidade ou dificuldade de resgatar o dinheiro que foi investido em um ativo, financeiro ou não, sem que ele perca seu valor.

Risco de Mercado

Está vinculado às flutuações nos preços dos ativos no mercado, nas cotações nas bolsas de valores, nos preços no mercado secundário, moedas, commodities etc.

– Risco Operacional

Uma classe ampla de riscos originados por falha humana ou em sistemas, eventos e processos.

E em se tratando de investimento, no processo de alocar recurso financeiro chamado de “montagem de carteira de investimento” ou “otimização de carteiras”, historicamente é utilizado o Modelo do renomado e Nobel economista americano Harry Markowitz: O Modelo de Markowitz.

Este permite calcular o risco de uma carteira de investimentos, independentemente do tipo de ativos que a compõem.

O FUTURO NO AGORA: O RISCO NÃO SISTEMÁTICO

A matemágica por trás da Moderna Teoria do Portfólio, como é chamada a Teoria de Markowitz, corrobora a velha máxima do mercado de que não existe investimento completamente seguro.

Por maiores que sejam seus avanços e suas aplicações em diversos campos (gestão de projetos, por exemplo), sua capacidade preditiva em relação ao futuro mostrou-se limitada.

O que não tira seu mérito em possibilitar, por exemplo, o cálculo do risco e do retorno de uma carteira de investimento, revelando a relação entre essas duas variáveis, dessa forma calculando o risco total da carteira de investimento ou do portfolio.

Em outras palavras, Markowitz desenvolveu um instrumento extremamente útil para nos possibilitar diversificar os ativos financeiros dentro de um portfolio de investimentos.

Diversificar e otimizar, reduzir o quanto um pode afetar o outro, aumentando o retorno de cada sem que com isso aumentemos o risco total da carteira.

Isso significa dizer que podemos, através da diversificação, reduzir o RISCO NÃO SISTEMÁTICO. Pois este nada mais é do que o nome dado a um risco específico a um ativo ou a um setor específico do mercado. (vide gráfico acima)

O Risco não sistemático, ao final das contas, é o único tipo de risco que pode ser eliminado via diversificação. E se existe um risco chamado não…, existe seu oposto: o risco chamado SISTEMÁTICO.

Esse risco atinge toda a economia como um todo ou a um determinado mercado em sua totalidade e NÃO pode ser eliminado.

Mais para cima, quando falamos sobre os tipos mais comuns de riscos, nos deparamos rapidamente com o outro nome, mais comum, pelo qual o risco sistemático é conhecido: o RISCO DE MERCADO.

DIVERSIFICAR = POR OS OVOS EM VÁRIAS CESTAS?

Definitivamente, NÃO.

Suponhamos que você tenha uma carteira de investimentos dividida entre ações de uma indústria de plástico e de uma startup de tecnologia.

Um superpetroleiro encalha no Canal de Suez e trava por dias o fornecimento de óleo para todo o mundo, aumentando drasticamente o preço do barril de petróleo.

Os custos no setor de plástico irão disparar. As ações da empresa desse segmento vão afundar.

E os ativos da startup não vão se incomodar. 

Nesse exemplo, temos somente 2 ativos. Mas perceberam que eles não têm correlação alguma entre si? O que acontece com um não afeta o desempenho, a geração de caixa do outro.

Então a palavra-chave quando se fala em diversificação de ativos numa montagem de portfolio de investimentos é observar a CORRELAÇÁO entre esses ativos.

A correlação pode ser:

– Positiva – se o preço de um dos ativos subir, o outro também sobre (se movimentam na mesma direção)

– Negativa – quando o preço de um sobe, o outro desce (movimentam-se em direções opostas)

– Neutra – não há ligação entre os movimentos dos ativos

Se você ou o seu Advisor, Banker ou Planejador Financeiro pretendem montar uma boa carteira de investimentos que lhe proteja contra o risco não sistemático, devem incluir ativos financeiros que tenham a maior CORRELAÇÃO NEGATIVA entre si, nesta carteira.

BDRs ou ETFs entrariam? Ou os dois?

Te respondo se você acompanhar o próximo artigo na semana que vem… Abraços!

PS.: Deixei, propositadamente por motivos meramente pedagógicos, de entrar em minúcias de estatística para evitar tornar a leitura mais difícil e desinteressante para quem não tem familiaridade

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Sobre o Autor

ivanlvianna
ivanlvianna

Sou um carioca da clara, com 22 anos de Mercado Financeiro, que após 10 anos no Private do Banco do Brasil resolveu empreender no mundo privado vindo para o Private do Banco Safra. Com toda minha experiência e conhecimento técnico e académico, decidi ampliar minha gratidão à vida, doando tudo que sei e vivi através deste site, de minhas aulas de finanças e educação financeira, e mentoria/ planejamento financeiro.

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