BDRs ou ETFs? Qual você escolhe?

No meu artigo “QUEM É VOCE, INVESTIDOR?”, comentei sobre a estratégia de montar uma carteira diversificada de investimentos utilizando um BDR de ETFs…, mas que diabos é isso, afinal?

BDR é uma abreviatura de Brazilian Depositary Receipts. BDRs são recibos que representam ações de empresas estrangeiras, mas são emitidos no Brasil, com negociação na bolsa de valores brasileira, para investidores de renda variável.

Esses recibos são emitidos por um banco no Brasil, normalmente um banco estrangeiro que atua com sua contraparte no exterior que compra e custodia as ações das empresas estrangeiras. 

Essas ações, custodiadas pelo mesmo banco ou por outro banco fora do Brasil, é o chamado LASTRO ou garantia do “Depositary Receipts” ou DRs da já famosa sigla. 

Então, ao negociar BDRs, você não compra ações das empresas, mas sim títulos com lastro. 

E COMO SE DA A VALORIZAÇÃO DE UM BDR?

A cotação de qualquer BDR negociado na B3 possui uma dinâmica que depende de duas variáveis independentes: a cotação do valor mobiliário original e a taxa de câmbio.

Assim, caso as ações da Apple valorizem 1% em determinado dia e o dólar, no mesmo período, deprecie 1%, então há uma expectativa de que a cotação do BDR dessa empresa fique estável.

Afinal, houve uma influência positiva de 1% pela valorização do ativo e negativa em 1% pela depreciação da moeda na qual o ativo original é negociado.            

Por outro lado, há também a possibilidade das ações dessa empresa se valorizarem em 1% e de o dólar apreciar também em 1%. Neste caso, há uma expectativa de a cotação do BDR da Apple no Brasil subir em cerca de 2%.

QUEM É QUEM ENTRE OS BDRs

BDR Patrocinados

BDR Nível I

BDR Nível I são aqueles onde a companhia não precisa se registrar na CVM para que o BDR seja negociado.

Nesse caso, a compra e venda do BDR só pode ocorrer em mercado de balcão não organizado ou em outros ambientes da bolsa que forem especificamente criados BDR Níveis II e III

BDR Níveis II e III têm por característica a exigência de registro da companhia emissora na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e também serem admitidos para a negociação em bolsa ou mercados de balcão organizado, o que não acontece com o Nível I.

O que difere um do outro é que o BDR patrocinado nível III é registrado no caso da distribuição pública simultânea no exterior e no Brasil. 

Assim, esses dois níveis são mais interessantes para quem pretende aderir a essa modalidade de investimento.

BDR Não Patrocinado

No BDR Não Patrocinado o recibo é emitido por uma instituição depositária de maneira independente. 

No Brasil, a instituição depositária que emite os BDR’s Não Patrocinados se responsabiliza por divulgar ao mercado brasileiro as informações corporativas e financeiras das companhias estrangeiras emissoras das ações que estejam sendo utilizadas em seus BDRs.

BDRs PAGAM DIVIDENDOS?

Nos Estados Unidos, a distribuição de dividendos não é necessariamente uma regra, como costuma ser para as empresas que geram lucro e tem acionistas no Brasil.

Na prática, o recebimento de dividendos nos BDRs depende, em primeiro lugar, da decisão de distribuição pela empresa lá nos Estados Unidos.

Se isso ocorrer, você tem direito a receber dividendos aqui no Brasil, diretamente na conta da sua corretora.  

Mas é preciso ficar atento, porque a tributação muda bastante em relação aos proventos pagos por empresas brasileiras. 

ntão, para buscar por empresas que pagam dividendos nos BDRs, você precisa pesquisar sobre a companhia e verificar se ela distribui lucros em suas ações.

Empresas como Google e Facebook, por exemplo, passaram vários anos gerando lucro e sem distribuir dividendos, já McDonald’s e Johnson & Johnson pagam dividendos com frequência.

                       Empresas norte-americanas que emitem BDRs e que pagam dividendos.

EmpresaSetor
Coca-ColaConsumo
IntelTecnologia
McDonald’sConsumo
Kimberly-ClarkIndústria
AT&TTelecomunicações
Procter & GambleConsumo
AppleTecnologia
PepsicoIndústria

Uma maneira de fazer essa pesquisa é buscar por empresas denominadas como Dividends Aristocrats.

Esse termo é utilizado para se referir às empresas norte-americanas que compõem o índice S&P 500 e que pagam dividendos crescentes aos seus acionistas.

Uma das regras para fazer parte dessa classificação é a companhia ter um histórico de aumentar os seus dividendos por 25 anos, ou seja: a empresa precisa pagar dividendos crescentes por, no mínimo, 25 anos.

Já as Dividend Kings são as empresas que distribuem dividendos de forma crescente há pelo menos 50 anos. São, como o próprio nome sugere, os reis dos dividendos.

E TRIBUTA O RENDIMENTO IGUAL AO BRASIL??

NÃO. Difere bastante. Vou explicar melhor:

O governo americano tributa os dividendos na fonte: uma parte do que você receberia vai direto para os cofres do governo yankee.

Além disso, as custodiantes retém entre 3% a 5% dos dividendos distribuídos nos BDRs.

Como a tributação dos dividendos nos Estados Unidos é de 30%, você acaba recebendo, na prática, 65% dos proventos originalmente distribuídos.

E após receber os dividendos, como fica a tributação?

Os dividendos recebidos seguem a tabela regressiva do Imposto de Renda, mas também há possibilidade de compensar com o IR que é retido na fonte pelo governo norte-americano.

No caso do recebimento de dividendos dos BDRs, a Receita Federal brasileira entende esses valores como rendimentos recebidos de fonte no exterior.

Então atenção nesse detalhe: o valor a ser pago é feito por meio através de carnê-leão, e deve ser mensaldesde que os dividendos ou rendimentos ultrapassem o valor de R$ 1.903,98. 

Para chegar a esse valor, é necessário que você converta o dólar em real.

AGORA VAMOS AO QUE IMPORTA: EM QUE BDRs INVESTIR?

As 10 BDRs mais indicadas em maio21, segundo o site Money Times

EmpresaCódigoIndicações
Alphabet (Google)GOGL345
AmazonAMZO345
AppleAAPL345
AlibabaBABA343
DisneyDISB343
FacebookFBOK343
Mercado LivreMELI343
MicrosoftMSFT343
NvidiaNVDC343
PfizerPFIZ343
Total36

Fonte: site MoneyTimes 06/05/21

Bom, essa é a pergunta de 1 milhão de dólares, mas a gente pode buscar por algumas pistas. 

Relembrando àqueles que já leram e para aqueles que ainda irão ler meu artigo anterior, ETFs ou EXCHANGE TRADED FUNDS são fundos de índice, ou fundos de investimento constituídos com o objetivo de investir em uma carteira de ações que busca replicar a carteira e a rentabilidade de um determinado índice de referência, como o ibovespa, ou qualquer índice de ações reconhecido pelas bolsas de valores.

Contudo, um ETF também pode replicar um índice de renda fixa, como o IMA-B (que acompanha o desempenho de títulos públicos atrelados à inflação).

Sintetizando, temos os seguintes tipos de ETFs:

ETFs de Índice

O patrimônio dos cotistas e do fundo é investido usando como base um índice de referência pertencente a uma carteira teórica.

ETFs de Títulos

Possuem ativos de renda fixa, mas são negociados em Bolsa via home broker.

ETFs de Ações

ETFs de índice são os mais comuns de serem encontrados no mercado. Esse tipo de ETF replica o patrimônio do fundo e dos cotistas de acordo com uma carteira teórica de um índice referência.

ETFs de Commodities

Investimento em ativos considerados indiferentes entre si, matéria-prima, em geral. Por exemplo, temos ETFs de ouro e outros metais que são valiosos, além de combustíveis fósseis.

VOLTANDO AO INÍCIO – BDRs de ETFs…

Os BDRs de ETFs chegaram para ficar. Eles permitem uma gestão de portfólios muito eficiente e embasada em estratégias consistentes para investidores de diversos tamanhos.

BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com cerca de 7 trilhões de dólares sob seu controle, recentemente lançou 26 novos BDRs de ETFs, com a gama desse tipo de produto oferecida pela BlackRock chegando a 65 ativos no mercado brasileiro.

Até então, era possível ter acesso ao rendimento de empresas de Infraestrutura (iShares Global Infrastructure ETF), da Prata (iShares Silver Trust) e principais empresas japonesas (iShares MSCI Japan ETF).

A intenção da gestora é ampliar esse número para 100 BDRs de ETFs internacionais ainda neste ano. Aperspectiva de recuperação das economias americanas e europeias após a crise provocada pela pandemia de covid-19 tende a aumentar a atratividade dos BDRs de ETFs desses países.

Entre as novidades, há um BDR de ETF atrelado a ações de dispositivos médicos, um de serviços financeiros, um ESG (sigla em inglês para padrões ambientais, sociais e de governança), um de dividendos, um de tecnologia e dois de REITs (sigla em inglês para Real Estate Investment Trust), os “primos” americanos dos fundos imobiliários. 

Na diversificação geográfica e cambial, além dos ativos expostos aos Estados Unidos, a nova lista traz também BDRs de ETFs de mercados emergentes, China, Austrália, Canadá, Suíça e França.

Tags: | | | | | | | | | | | | | | |

Sobre o Autor

ivanlvianna
ivanlvianna

Sou um carioca da clara, com 22 anos de Mercado Financeiro, que após 10 anos no Private do Banco do Brasil resolveu empreender no mundo privado vindo para o Private do Banco Safra. Com toda minha experiência e conhecimento técnico e académico, decidi ampliar minha gratidão à vida, doando tudo que sei e vivi através deste site, de minhas aulas de finanças e educação financeira, e mentoria/ planejamento financeiro.

0 Comentários

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: